biografia
Natural de Santo André, São Paulo, Luiz Sacilotto (1924 - 2003) começou seus estudos na Escola Profissional Masculina do Brás em 1938, no curso de pintura industrial. Apresenta em seus primeiros trabalhos composições figurativas de tendência expressionista e, já em fins da década de 1940, começa suas pesquisas iniciais acerca da abstração geométrica. Participa da formação do Grupo Ruptura ao lado de Waldemar Cordeiro e Lothar Charoux, sendo um dos signatários do manifesto de 1952, e é tido como um dos principais expoentes da arte concreta no país.


sacilotto expressionista
Para além dos estudos de cores, esboços e projetos de suas composições geométricas mais conhecidas, o acervo do IAC também guarda impressionantes exemplares da produção figurativa de Sacilotto, datadas da década de 1940, em parte ainda desconhecida do grande público e carente de pesquisas mais aprofundadas. Os documentos aqui destacados salientam suas produções figurativas e a atuação ao lado do chamado Grupo Expressionista no Brasil quando participa das exposições “Os Quatro Novíssimos de São Paulo” (1946) e a “19 Pintores” (1947). Nota-se que as críticas sobre ambas as exposições são heterogêneas. Por vezes acusados de “falta de personalidade” ou por serem "derivados" demasiadamente do movimento europeu, não trazendo inovações plásticas, o elogio à qualidade técnica dos trabalhos se mantém constante.
Nesse sentido, os documentos selecionados abrem caminho para pesquisas futuras sobre o processo de transformação dessas composições figurativas entendidas como "expressionistas", para outras, que viriam a se tornar referências da abstração geométrica brasileira. Para além disso, evidencia-se que a produção daquele que era tido pelo porta-voz do Ruptura, Waldemar Cordeiro, como a “viga-mestra da arte concreta” é bastante mais complexa no sentido de um estudo constante da pintura.
Curadoria e textos críticos: Renata Reis

E quando o crítico Germain Bazin fala de “expressionismo” a propósito de Portinari, nem de longe lhe ocorre comprometê-lo com a Europa Central. Portanto, podemos dizer que é praticamente pela primeira vez que aparece um grupo de artistas realizando uma arte conscientemente filiada ao espírito centro-europeu.”
São Paulo das Surpresas, de Ruben Navarra. Texto publicado no Diário de Notícias, Rio de Janeiro, 1946.
Não há porque descobrir nisso uma personalidade artística, ainda, neles. O caso de Andreatini merecerá atenção, mas, palavra, a bola vem alta demais. O tempo do expressionismo já passou.”
Quatro Novíssimos de São Paulo, de Geraldo Ferraz. Texto publicado no O Jornal, Rio de Janeiro, 1946.


Como se viu, parece que os 19 pintores constituem um conjunto de jovens que desejam construir a nova pintura no Brasil, mas não sabem como. Constituindo a arte também um coordenador do pensamento social, resta aos jovens artistas discernir qual é a mais poderosa entre as diversas tendências que se expressam em nossa superestrutura.”
Notas de Arte - 19 Pintores, de Ibiapaba Martins. Texto publicado no jornal Correio Paulistano, São Paulo, 1947.
A mocidade não copia, porque a cópia é um cansaço do espírito. Por essa razão, qualquer julgamento da mocidade a que nos referimos, seria, convém repetir, um juízo apressado. Infelizmente não vemos nesses 19 pintores os predicados inerentes a esta mocidade. Sabem tudo e tudo ignoram.”
“19 pintores” e o ofício, de Quirino da Silva. Texto publicado no jornal Diário da Noite, São Paulo, 1947.

linha do tempo
Cronologia IAC - eventos selecionados
1947
Dá início às suas participações em exposições na exposição intitulada Quatro Novíssimos, realizada no Instituto de Arquitetos do Brasil – IAB, no Rio de Janeiro
1941
É diplomado pelo Instituto Profissionalizante Masculino do Brás com habilitação em Pintura e Decoração
1946
Integra a equipe do escritório de arquitetura de Jacob Rutchi como desenhista-projetista
conheça a seleção
de documentos
Você também pode ler as transcrições dos documentos e as legendas críticas feitas pelos curadores.
O boletim mensal da União Cultural Brasil – Estados Unidos, patrocinadora da “19 Pintores", traz informações gerais sobre a exposição. Constando o nome de todos os jovens artistas participantes, são apresentados também os membros do comissão julgadora, formada por Anita Malfatti, Lasar Segall e Di Cavalcanti, além dos valores dos prêmios e os respectivos vencedores. O boletim tem ainda a exposição como um grande acontecimento no circuito artístico da cidade de São Paulo.
Título
Exp. dos "19 Pintores" sob o patrocínio da União Cultural Brasil - Estados Unidos
Data
Nº de ordem IAC
04/1947
28462
Tipo
Documento
Autoria
Não identificado
A reportagem de Walter Zanini, publicada em 1953, traz uma síntese da trajetória artística de Sacilotto até o momento. Destacando sua formação em pintura industrial e primeiras experiências com as plantas e projetos de arquitetura como influências cruciais para as futuras composições abstrato geométricas, Zanini também trata da colaboração do artista junto ao grupo expressionista brasileiro em sua primeira exposição, a “Quatro novíssimos”, de 1947.
Título
Das plantas de arquitetura ao concretismo
Data
Nº de ordem IAC
06/03/1953
28488
Tipo
Reportagem
Autoria
Walter Zanini
Nesta crítica publicada após o encerramento da exposição “19 Pintores”, Ibiapaba Martins faz um breve comentário acerca de cada um dos artistas presentes na mostra. Sobre Sacilotto, destaca que ele, Marcelo Grassmann e Otávio Araújo são os melhores desenhistas dentre os presentes.De uma forma geral, Ibiapaba comenta a grande expectativa em torno de uma exposição que prometia revelar as novidades da pintura brasileira, indicando ainda a decepção em constatar que tais trabalhos não traziam contribuições inéditas.
Título
19 pintores
Data
Nº de ordem IAC
06/05/1947
28474
Tipo
Crítica
Autoria
Ibiapaba Martins
Recorte do jornal O Estado de Paulo que traz a reprodução de um dos desenhos de Luiz Sacilotto expostos na mostra “19 Pintores”. Os traços acentuados mostram uma mulher sentada e apoiando o rosto sério sobre a mão. O canto inferior traz a assinatura do artista e a data de 1945.
Título
Sem título
Data
Nº de ordem IAC
17/05/1947
28475
Tipo
Imagem
Autoria
Luiz Sacilotto
Traços desordenados formam a figura de um rosto com olhos grandes e expressivos.
Título
Sem título
Data
Nº de ordem IAC
1947
22673
Tipo
Obra
Autoria
Luiz Sacilotto
Linhas pretas verticais e horizontais se encontram no centro da imagem formando ângulos de 90º sobre o fundo branco
Título
Sem título
Data
Nº de ordem IAC
1974
22228
Tipo
Obra
Autoria
Luiz Sacilotto
Linhas paralelas nas cores verde, laranja e marrom formam um losango no centro da imagem
Título
Sem título
Data
Nº de ordem IAC
1987
22611
Tipo
Obra
Autoria
Luiz Sacilotto
Crítica positiva de Rubem Navarra sobre a exposição “Os Quatro Novíssimos de São Paulo” (1946). O autor admite sua desconfiança inicial com a mostra organizada por Carlos Scliar, mas logo reconhece a qualidade dos trabalhos apresentados pelos artistas Marcelo Grassmann, Luiz Andreatini, Luiz Sacilotto e Octávio Araújo. Além de entender esses novos trabalhos como as primeiras composições brasileiras totalmente inspiradas no Expressionismo centro-europeu.
Título
São Paulo das Surpresas
Data
Nº de ordem IAC
21/04/1946
28454
Tipo
Texto Crítico
Autoria
Ruben Navarra
Neste conjunto de quatro pequenos textos, o crítico Quirino da Silva deixa claro o seu descontentamento com os jovens artistas da exposição “19 pintores", acusando-os de apenas repetir o que lhes foi ensinado. Entendendo o ofício da pintura como a habilidade de traduzir plasticamente reflexões de nossa própria realidade, Quirino afirma que os trabalhos expostos não demonstram um entendimento sobre o problema pictórico, faltando nos novos artistas a liberdade e ousadia típicos da mocidade.
Título
19 pintores e o ofício
Data
Nº de ordem IAC
23, 25, 28/04/1947
28464
Tipo
Texto Crítico
Autoria
Quirino da Silva
A matéria, anônima, traz um comentário crítico sobre a exposição “Os Quatro Novíssimos de São Paulo” realizada no Instituto dos Arquitetos do Brasil do Rio de Janeiro. Mesmo destacando os desenhos expostos, a crítica ainda assim considera que os trabalhos nada acrescentam ao movimento em que se inspiram. Elenca Grassmann como o “mais expressionista” entre os quatro artistas e Andreatini como o “mais artista”, aquele que teria mais senso plástico. Ao lado há um pequeno anexo explicando de forma sucinta o que foi o movimento Expressionista.
Título
Quatro “Novíssimos”, de São Paulo
Data
Nº de ordem IAC
26/04/1946
28455
Tipo
Texto Crítico
Autoria
Não identificado
Texto de apresentação de Ibiapaba Martins sobre a exposição “19 Pintores”, de 1947. O crítico elogia os trabalhos dos jovens artistas mas ressalta que ainda lhes falta uma poética própria, acusando-os de imitar em demasia seus mestres. O recorte da matéria finaliza ressaltando a importância de uma reflexão própria diante da realidade. Tal reflexão ou “atitude emocional” deveria ser traduzida plasticamente nas telas, uma atitude que, segundo o autor, os jovens pintores ainda não exerceram totalmente.
Título
Dezenove jovens pintores em exposição na Galeria Prestes Maia
Data
Nº de ordem IAC
27/04/1947
28467
Tipo
Texto Crítico
Autoria
Ibiapaba Martins
A maior parte do texto de Geraldo Ferraz aqui destacado traz uma série de reflexões sobre o movimento Expressionista alemão e o que significaria ter no Brasil artistas que dialogam com essa estética. Após algumas explicações sobre o movimento e seus desdobramentos, Ferraz conclui que Andreatini é o que mais se destaca dentre os quatro artistas. Mas finaliza afirmando que não interessa à arte brasileira associar-se diretamente com um movimento intrinsecamente alemão, dado que os contextos são evidentemente distintos.
Título
Quatro Novíssimos de São Paulo
Data
Nº de ordem IAC
30/04/1946
28456
Tipo
Texto Crítico
Autoria
Geraldo Ferraz